Dia de aniversario.Um dia como tantos outros da minha vida que tem apenas de diferente o facto ser suposto comemorar o ter nascido. Perguntei-me tantas vezes, durante estes 46 anos a razao porque alguem quis um dia que eu tivesse de respirar, de ser gente, de crescer para depois morrer, perguntei-me depois porque me quiseram, porque me deixaram vir a vida para logo de seguida me deixarem sozinha entregue nas maos daqueles que embora amando-me nao se sentiam satisfeitos por ter que fazer crescer filhos que nao eram seus. Quase delirante o facto de pensarem que eu tive uma vida realmente minha quando na verdade o que tive foi o eterno desprazer de me defender do facto de ser filha de quem sou, quando tive de provar constantemente que jamais cometeria os mesmos erros, que ao contrario de usar a minha progenitora como exemplo, eu tudo faria para ser diferente e que acima de tudo nao era uma raiz da mae mas um ser independente capaz de pensar e agir por vontade propria, mesmo que tal significasse trair os genes. Nao me senti viva apenas porque alguem me trouxe ao mundo, mas so no dia em que eu mesma fui capaz de criar vida, de amar os filhos mais que a mim propria, de sentir na pele a responsabilidade de fazer o melhor por aqueles seres pequeninos gerados do meu amor e em mim desenvolvidos.Comecei realmente a viver no dia em que senti a dor lacinante que provoca a vinda de um filho ao mundo, a alegria imensa de olhar aquelas criaturas frageis e perceber no meu intimo que mais do que os filhos serem meus sou eu quem lhes pertence para sempre. DEVO AGRADECER-LHES, SEMPRE O FACTO DE ME TEREM TRAZIDO A VIDA.
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